Você é pragmático?

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O perfil pragmático é direto, objetivo, prático, e sem “nhenhenhe”. Analisando pelo viés profissional, é um perfil que não se dispersa facilmente quando tem um foco definido, um trabalho para entregar, uma meta para bater e não se desespera quando surgem interferências. São pessoas simples em seus propósitos. Possuem um modelo mental direcionado e isso facilita seus trajetos, pois pensam primeiro em resolver o importante e depois se permitem fazer qualquer outra coisa que queiram, e dessa forma as coisas ficam mais límpidas como que um reflexo de suas próprias mentes. Por manter demasiadamente o foco, algumas pessoas são confundidas como ante sociais, o que pode ser uma verdade ou não. Isso mais dependerá do temperamento da pessoa do que desta característica em questão.

Acredito que pessoas pragmáticas foram, em sua maioria, orientadas a realizar tarefas e a serem decididas e diretas. Geralmente, passam uma impressão de impaciência com os outros, pois querem respostas diretas da mesma forma como se expressam sem rodeios. São incansáveis na busca de resultado, muitos têm facilidade de dar ordens sem nem perceber que estão fazendo. Utilizam a tentativa e erro para resolver problemas, são orientadas ao presente e, acima de tudo, gostam de desafios. Diria que um pragmático apresenta fortes traços de empreendedorismo.

Sabe aquele seu colega de trabalho ou de curso que brinca o tempo todo ao seu lado e na hora das avaliações te surpreende com notas excelentes, e avaliações de performance acima da média? Possivelmente, ele aprendeu que a hora das responsabilidades e entregas precisam de atenção unifocal, mesmo sendo uma pessoa normal que brinca e se diverte.

Ainda sob o prisma do meu próprio dicionário, entendo que pragmatismo é ter uma ótica simplística e sem “afetações” das situações. Principalmente quando se trata de um ambiente profissional que requer um grau maior de imparcialidade e rapidez, com consistência nas interações e decisões. Porém, deve haver um certo cuidado para não congelar o coração, a intuição positiva, a empatia e as atitudes construtivas em equipe. O ponto de equilíbrio sempre é o grande desafio.

No dicionário, pragmatismo significa: “um pensamento filosófico criado, no fim do século XIX, pelo filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), pelo psicólogo William James (1844-1910) e pelo jurista Oliver Wendell Holmes Jr (1841-1935), que opondo-se ao intelectualismo, considera o valor prático como critério da verdade. Ser partidário do pragmatismo é ser prático, ser pragmático, ser realista. Aquele que não faz rodeio, que tem seus objetivos bem definidos.”

Uma consideração importante: dizem alguns dicionários que o pragmatismo engessa o profissional, dificulta a criatividade. Descordo um pouco dessa teoria. Ser prático não inviabiliza a criatividade e o perfil inovador. São habilidades que não são excludentes. Conheço milhares de profissionais e garanto que essa definição não traduz a verdade humana, não como uma regra.

Agora, pense comigo!

Imaginemos o funcionamento de um profissional com um perfil mais pragmático, esteja ele em qualquer cargo, posição hierárquica, e nível de responsabilidade. Essa pessoa geralmente tem em mente entregas e resultados. Como ela se posiciona como um aliado para a viabilização de suas metas, é uma companhia inteligente que não perde tempo e que não te faz perder tempo também. Pelo contrário, ela facilita os caminhos. Quando não sabe ao certo seu próximo passo ou como resolver uma questão de impasse, o profissional não se apavora porque sua configuração mental está direcionada para buscar soluções. Logo, nesses casos procura diretamente a fonte das informações, seja material, pessoal, autorizações etc… Esclarece suas dúvidas, valida e retoma seu objetivo. Simples quanto isso. Em alguns casos, precisa de uma orientação para não se tornar um trator, tamanha praticidade em suas decisões.

Você pode estar perguntando: por que é positivo ter ou desenvolver essa competência, já que mesmo uma pessoa que treinou e desenvolveu essa habilidade, também sofre as artimanhas humanas e, às vezes, também “fica correndo atrás do rabo”, perde tempo, enrola e não é direto também? Simples, porque o prático possui uma característica que geralmente foi bem trabalhada, que o faz ter um clique interno para colocar ordem na casa (sua cabeça), colocando prioridades nas atividades e fazendo escolhas que mais se aproximam dos seus compromissos relevantes. Inclusive, essa característica deveria ser desenvolvida persistentemente por todos nós, que é a auto percepção. Ter a consciência das próprias atitudes e voltar para seu eixo o quanto antes é uma modelagem mental que deveria ser aprendida deste o maternal. Essa é a melhor parte do pragmatismo: o exercício que muitos têm de se auto analisarem. Caso contrário, as relações podem ser desastrosas.

É como se nos observássemos de fora, percebêssemos nossos comportamentos com clareza e detectássemos onde estamos dando bobeira e perdendo tempo com coisas inúteis, fofocas, prolixidade, devaneios e outros projetos.

É como se houvesse o seguinte diálogo interno em sua mente: “devo fazer primeiro o que tenho que entregar com prazo. Primeiro, devo fazer o que me confiaram e pelo qual serei cobrado. Eu vou poder descansar depois e me divertir na hora certa e com calma”.

Isso não significa dizer que ser pragmático é ser um nerd, inflexível e um cara extremamente chato e puxa saco do chefe. Nada disso! Muito pelo contrário, ele é o seu próprio chefe e tem suas próprias metas. É uma companhia divertida e ajuda o ambiente a ficar mais leve com seu bom humor, a equipe o respeita pelos seus resultados, porque ele sabe a hora de brincar e sabe a hora de se concentrar.

O pragmatismo traz a clareza e objetividade, inclusive os feedbacks de uma pessoa com perfil mais pragmático são sem rodeios, sinceros demais e construtivos. Ele é direto e não se prende a detalhes. Com certeza, geralmente é o mais procurado pelas pessoas quando precisam de um trabalho bem feito e de bons conselhos.

Ilustrando um pouco mais: imagine um animal selvagem caçando. Sabemos por estudos que todos os sentidos desses animais ficam trabalhando a seu favor, como se entrassem em harmonia para alcançar seu objetivo. Eles ficam quase em sintonia com o propósito esperado.

Para pegar sua presa, esse animal caçador “congela” – nada nessa hora tira sua concentração! Não há sede, não fica levantando toda hora para beber água, muito menos para ir ao banheiro. Ele sabe o que quer. Seu objetivo está claro. Ele não olha Whatsapp, redes sociais, ele está 100% compenetrado. Ele não se preocupa com a vida do outro, não ouve e nem multiplica fofoca e, de repente, “nhac”: ele alcança o que deseja.

Fico envergonhada com essa analogia, porque esses animais ditos irracionais demonstram muito mais inteligência emocional que muitos de nós.

Importante também chamar atenção para um perfil que é o oposto do pragmático, aquele que possivelmente demora mais para decidir, tem mais dificuldade de concentração e geralmente não trabalha focando as prioridades.

Por que levanto essa bola? Porque são profissionais que realmente trabalham muito. Fazem uma montanha de coisas o tempo todo. A família morre de pena, porque o pobre SER trabalha ou estuda muito. Não podemos negar isso. Estão sempre sem tempo para nada.

Vivem esbaforidos, sendo solicitados por chefes, colegas e equipes… Sinto informar que isso não significa produtividade ou poder, significa sim falta de clareza em seus limites de responsabilidades e em suas diretrizes. Significa que esses profissionais enrolaram tanto que agora seus prazos estão esgotados. Preferiram fazer o que não era importante e quando perceberam estavam com a corda no pescoço. A dura realidade é que onde estão investindo energia não está rendendo e seus objetivos não estão sendo entregues muito menos realizados. Cuidado! Esse é um caminho para a eterna frustração.

Encontrar o meio termo é um ponto de sabedoria. Ser pragmático 100% e ser o oposto disso não são decisões sábias. Esse é um desafio importante para a vida produtiva e eficaz de um profissional.

Todos somos munidos de emoções, e a emotividade é uma ameaça para quem pretende desenvolver uma visão pragmática e assertiva. Porque, quando estamos emotivos demais, ficamos sensíveis, carentes e essas características não são saudáveis e objetivas. Neste estado, levamos muitas coisas para o lado pessoal, ficamos tristes, decepcionados e frustrados com facilidade, você tende a paralisar, a valorizar intrigas e fofocas. Esse “lenga-lenga” faz nossa vida se transformar em um drama de novela mexicana. Saibam que toda dramatização é um atalho errado que pegamos e que nos tira do caminho certo. Não só nos tira do caminho racional e prático, como nos deixa perdidos na estrada sem saber por onde recomeçar e sem saber o que fazer. Consequentemente, não chegamos ao destino desejado, ou seja, o RESULTADO NÃO É ENTREGUE.

Espero que todo esse raciocínio esteja fazendo sentido para você.

Toda habilidade é treinada. Podemos até nascer com uma certa facilidade, mas para se transformar hábil em alguma técnica, comportamento ou modelo mental é essencial o treinamento de um novo hábito. É isso que trabalho com meus clientes de coaching.

Até o Pelé, mesmo tendo uma boa capacidade de visão espacial, só se tornou o Pelé que conhecemos porque sua rotina era treinar, treinar e treinar. Para quem não sabe, todas as vezes que acabava seu treino oficial e seus colegas descansavam, seu pai o obrigada a treinar por mais duas horas todos os dias.

Desenvolver uma habilidade ou comportamento não é sorte… É TREINO.

Ser pragmático ajuda a ser um empreendedor, ajuda a ser bem sucedido, ajuda ser um líder eficaz. Treine! Mas, tenha cuidado para não endurecer suas intuições e sensibilidades importantes para os negócios e para relações, principalmente de liderança.

Treine a capacidade de manter sua mente no aqui e agora, com objetividade, treine fazer tarefas solicitadas corretamente, dentro do tempo solicitado e com excelência. Ignore tudo que tentar te tirar do foco. Lembre-se do animal caçando!

Faça o que tem ser feito, fale com educação o que tem que ser dito e ponto final. Isso é ser pragmático. E, vida que segue sempre.

Bom desempenho e treine um pragmatismo saudável sem perder de vista sua essência e sua espontaneidade.

Fonte: Informativo Acadêmico