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12 de fevereiro/2016

Os bastidores de uma contratação, em 7 etapas

Pra você amigo ou amiga que está agora procurando uma primeira oportunidade no mercado de trabalho, ou mesmo uma difícil recolocação, resolvi concentrar minha experiência do lado de cá de quem recruta neste artigo. Espero que a leitura seja válida.

Abri minha primeira empresa em 96, aos 27 anos de idade. De lá pra cá tive inúmeras vezes o privilégio, seja como sócio ou responsável por áreas, de poder abrir vagas e analisar candidatos.

Por ter sempre atuado com internet e publicidade digital, áreas que demandam conhecimento muito específico, a primeira filtragem de candidatos que fossem trabalhar diretamente comigo, invariavelmente acabou sendo de minha responsabilidade na maior parte das vezes, mesmo quando eu podia contar com o apoio de especialistas de RH.
Sim, sempre há aquela vaga que você preenche com alguém indicado e isso acaba sendo uma alternativa razoável, pensando no trabalho e no tempo que vai te consumir encontrar alguém ‘de fora’ para contratar. E por essa razão, há muita gente neste mercado que basicamente só funciona na base de indicação. O famoso “QI” (quem indica).

Mas eu sempre procurei equilibrar, contratando alguns por indicação, mas muitos através do processo de ‘garimpo’.
‘Garimpo’ é a palavra que me parece mais adequada, quando você pensa na quantidade de pessoas que costumam se candidatar à uma vaga.

Para o exemplo não ficar muito distante, vamos pegar o mês passado. Abrimos duas vagas temporárias e recebemos mais de 180 currículos em questão de 5 dias.
Somados os anos e as oportunidades, posso dizer que já devo ter analisado milhares de currículos e tive, novamente, o privilégio de poder dar oportunidade, direta ou indiretamente, a muitas dezenas de profissionais. Muitos deles hoje, tenho o prazer de dizer, começaram suas brilhantes carreiras comigo.

A necessidade de analisar tantos currículos de forma rápida e o mais justa possível, acabou me obrigando a criar um processo de análise, o qual decidi resumir nas 7 etapas que apresento abaixo.
Espero que este resumo ajude a mais gente a passar na peneira desse ‘garimpo’ cruel mas real que é encontrar uma oportunidade de trabalho.

1. O assunto

Vou considerar que este processo começa por email.
Seja o mais claro possível no email e direto. Imagine que a pessoa que irá fazer a análise pode estar recebendo emails de outros assuntos, ou sobre outras vagas. Portanto, ajude já o seu recrutador a te localizar.
“Vaga de Redator”, “Vaga de Diretor de Arte”, “Interesse em Vaga de Redator”. “Oportunidade para planejador”.
A formulação do título é com você e sempre há espaço para alguma coisa simpática já no título, como um smiley, ou algo do gênero, se for condizente com o tipo de trabalho para o qual você está se candidatando.
Procure ser conciso e direto neste título entendendo que ele vai ajudar rapidamente a pessoa que está recrutando a entender do que se trata.
Evite por favor títulos genéricos como “Interesse na vaga” e PELAMOR DE DEUS, esqueça o “A/C Recursos Humanos”.

2. O conteúdo

A minha cabeça em modo ‘recrutador’ funciona do geral para o específico. Primeiro eu preciso separar os claros ‘não’, depois os ‘talvez’ para no final chegar para os ‘sim’.
Ao terminar de filtrar quem não interessa, me aprofundo um pouco mais nos ’talvez’ para começar a encontrar os ‘sim’.
Portanto, o seu primeiro objetivo é passar do ‘não’ para o ‘talvez’. Como? Sendo objetivo.
Não escreva textos longos. Não use fontes coloridas, fotos, nada do gênero no email.
Esqueça os currículos em Word e enterre os PDFs.
Apesar de demonstrar um potencial criativo, estes currículos não seguem qualquer padrão e dificultam a vida de quem está fazendo a seleção, as vezes ao ponto de você ser colocado de lado só porque vai dar trabalho entender o que você mandou. Cruel? Sim, mas imagine que a pessoa tem que olhar centenas de emails e provavelmente achar alguém pra vaga é apenas uma das suas responsabilidades.
Portanto, seja breve. Um parágrafo no máximo ou nem mesmo isso. Mande o link para seu perfil no LinkedIn (se você está lendo este artigo, certamente já tem seu perfil aqui) e, quando for um cargo criativo, mande o link para o seu portfolio online.
O perfil em um site como o LinkedIn ajuda muito o recrutador porque as informações estão todas organizadas e todos os que enviam aparecem da mesma forma. Facilita a comparação e agiliza o trabalho.


3. CAPRICHE no seu LinkedIn

Se você escapou das peneiras 1 e 2 (parecem simples mas, acreditem, entre 10 a 20% dos candidatos ficam ai), agora é a hora mais importante. Seu perfil no LinkedIn precisa estar atualizado e o mais completo possível.
Rapidamente um recrutador vai varrer o seu perfil. Pela data de formatura da faculdade ou escola, mesmo que você não tenha revelado sua idade, vai saber mais ou menos quantos anos você tem, de que cidade vem e vai conseguir muito rapidamente saber se você tem a experiência que ele está procurando.
Enriqueça seu perfil com referências ao seu trabalho quando for adequado. Peça para que as pessoas escrevam recomendações sobre você. Se preocupe com a foto. Com seu título.
Acredite, este é o momento decisivo para seguir adiante com uma entrevista ou não. Aqui, mais de 90% dos candidatos ficam no caminho.
Um perfil completo no LinkedIn tem toda a informação que seu recrutador precisa. Se ele sentir falta de algo que não está aqui, ele vai te pedir depois.
Para quem se candidata a um cargo criativo, recomendo que use sites de portfolio como o Carbonmade, Cargo Collective e o Behance. Evite sites ‘diferentes’. Eles dificultam a vida de quem precisa rapidamente te analisar. Se tiver trabalhos criativos legais pra mostrar, coloque dentro do portfolio. Seu recrutador vai chegar lá depois, se for o caso.
Quando estou analisando a pasta de diretores de arte e designers, o primeiro tipo de trabalho que procuro são os de branding. Um bom logo mostra o potencial de um bom profissional gráfico. Para encontrar um bom redator, eu procuro os anúncios impressos. Para um planejador, eu me ligo nas prancha-resumo de projetos (as que os festivais de publicidade pedem).

4. A resposta, o contato

“Mandei meu currículo e ninguém me respondeu”. Infelizmente a vida é cada vez mais corrida. Se você não recebeu uma resposta depois de um tempo razoável, a resposta é NÃO. Não tome isso como descaso. Certamente não é pessoal.
Mas fique tranquilo, se você tiver ido adiante, alguém vai entrar em contato contigo.
Ao ser contatado, você provavelmente será convidado para uma entrevista pessoalmente, ou por video (Skype, Hangout, etc). Não importa o dia e a hora que te propuserem, esteja disponível e aceite o horário. Sim, é uma posição incômoda, mas pense que você passou por uma peneira grande e que o recrutador também deve estar tentando organizar uma agenda cheia pra falar com bastante gente.
Mas antes de aceitar, tenha certeza de que tem os dados fundamentais sobre a vaga, pra que ninguém perca tempo na entrevista: onde é o trabalho; qual a remuneração; qual o regime de contratação. Não é necessário saber mais do que isso, mas também não vá sabendo de menos.

5. A entrevista

Chegou o dia, você passou por toda a peneira e agora é a hora da conversa.
Na minha experiência, as entrevistas servem basicamente para o que os gringos gostam de chamar de ‘chemistry meeting’. É a hora de ver se o ‘santo bate’. Se a conversa rola bem, se vocês se entendem. Esta conversa é especialmente importante se a pessoa que está te entrevistando é com quem você vai trabalhar diretamente. Dai, tenha certeza que é basicamente pra ver se as coisas fluem bem.

6. A resposta final

Sendo um processo concorrido (e hoje em dia todos são), provavelmente seu recrutador vai falar com mais de um candidato pessoalmente. Portanto, pode ser que ele demore um pouco a te dar retorno, mas geralmente ele vai dar, nem que seja um ‘não’.
Ele deve te avisar até quando vai dar uma resposta. Se não te der um prazo até o final da conversa, pergunte.
Espere o prazo passar antes de perguntar. Na minha experiência, o candidato escolhido acaba sendo procurado antes do final do prazo, porque o recrutador tentar fechar primeiro com o candidato que mais gostou, mas mantém os demais ainda por perto, caso não der certo com o primeiro da lista.
Ao optar por um candidato e fechar, o recrutador deve avisar os demais que não foram escolhidos dentro do prazo combinado ou até um logo depois. Mas infelizmente nem todos funcionam assim e muitos deixam os candidatos sem resposta. Se você estiver sem resposta depois do prazo combinado, cobre. Não há qualquer problema nisso.

7. Bem-vindo

Centenas de candidatos por vaga. Filtros cruéis e pragmáticos. Entrevista enigmática. Tudo isso para vagas muitas vezes mal remuneradas. Ainda assim, você passou por tudo isso e conquistou um espaço que foi aberto para o mercado. Pode ser uma chance pequena, ou pode ser a oportunidade do começo ou mudança de carreira.
Nos mais de 20 anos que tenho estado do lado do recrutador em processos como esse, já vi de tudo acontecer e pude ver muitas estrelas nascerem.
Tomara que você seja a próxima. :)

Autor: Michel Lent

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