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03 DE MAIO DE 2007. POR LAURA PIMENTA

Confira na íntegra o discurso do presidente da ABCZ, Orestes Prata Tibery Júnior

Excelentíssimas autoridades presentes, caros associados da ABCZ, senhoras e senhores, prezados amigos: Temos a honra e a alegria de abrir oficialmente nesta cerimônia a EXPOZEBU 2007. Um evento que se supera a cada ano graças ao fantástico trabalho dos companheiros criadores, técnicos, pesquisadores e empresas do setor e, principalmente, à contribuição extraordinária que a genética zebuína oferece à pecuária brasileira, sem dúvida a mais competitiva do mundo. Por isto, a ExpoZebu é a vitrine do que há de melhor em genética para a produção de carne e leite, diferenciais que contribuíram de maneira decisiva para que o Brasil alcançasse a liderança mundial nas exportações de carne bovina. E aqui, nesta pista, temos representantes das diversas raças zebuínas: brahman, gir, guzerá, indubrasil, nelore, nelore mocho, tabapuã e red sindi. Sabemos que são enormes os desafios a serem vencidos para que o Brasil se consolide como o grande supridor de alimentos para o mundo. É por esta razão que valorizamos tanto as nossas exposições e encontros com o governo federal, com os governos estaduais, com os demais elos da cadeia produtiva. Porque acreditamos que a união, o diálogo e a coragem de encarar de frente os desafios é que pavimentarão o caminho para a superação das nossas falhas, para a materialização dos nossos projetos, para a realização dos nossos sonhos. Algumas das nossas preocupações já são de conhecimento dos senhores. Mas queremos reforçar as necessidades que temos e nos oferecer, mais uma vez, para somarmos nossas forças e idéias para que, juntos, encontremos a melhor forma de superar os obstáculos que impedem um desenvolvimento ainda maior da nossa cadeia produtiva. Enquanto em outros países a segurança jurídica das propriedades é intocável, no Brasil o próprio Estado de Direito é colocado em xeque pela impunidade às invasões comandadas por movimentos de motivação ideológica. Enquanto outros países tratam as questões ambientais com equilíbrio e na perspectiva dos interesses nacionais, no Brasil compramos e difundimos como verdades absolutas equívocos e mitos que não resistem a minutos de análise isenta e aprofundada. Não estamos questionando a importância da preservação ambiental. Compartilhamos das preocupações da sociedade com os atuais níveis de degradação ambiental e estamos empenhados em cumprir o nosso papel na proteção à natureza. No entanto, as questões ambientais precisam ser tratadas com sensatez e sem dois pesos e medidas. Um dos desafios que gostaríamos de exemplificar é o da geração de energia elétrica. Sabemos da importância das grandes usinas, como a do Rio Madeira, e do empenho de Vossa Excelência, Presidente Lula, em construí-la. Sabemos que elas são necessárias e que estão contempladas no PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. E temos bons exemplos de grandes usinas no Mato Grosso do Sul: as de Jupiá e de Ilha Solteira. Porém, insistimos: simultaneamente com o crescimento é preciso preservar os afluentes dos grandes rios para abrigo dos animais e para a continuidade da reprodução dos peixes, com a piracema. Infelizmente, isso não acontece em nossa região onde a opção para a piracema é o Rio Verde, afluente do Paraná. Para o Rio Verde estão programadas 08 mini-usinas que vão gerar, no total, 270 megawats. Isso é muito pouca energia para matar esse belo rio, impedindo a piracema, derrubando buritis onde as araras fazem seus ninhos e expulsando os animais e pássaros não sabemos para onde. Deveríamos nos preocupar com problemas sérios como este, no qual o impacto ambiental é real e violento, em vez de ficarmos culpando os bois por seus arrotos, quando a própria natureza se encarrega de neutralizá-los através do capim que é altamente eficiente no resgate do carbono. Devemos nos preocupar ? e muito ? com os fatores que nos impedem de obter o devido valor por nossos produtos agrícolas. O diferencial do Brasil em relação aos outros países está justamente nas suas condições geográficas e ambientais para a pecuária e a agricultura. Ninguém tem terras, água e condições climáticas como nós. Só o Brasil, graças ao zebu, pode engordar boi a pasto em grande escala. Só o Brasil tem plenas condições para ser o grande produtor mundial de vários alimentos e também do etanol, preservando as suas florestas e áreas ambientais sensíveis. Já somos os maiores em diversos setores da produção agrícola e podemos continuar crescendo. Por que, porém, não somos os melhores ou não somos assim reconhecidos? Por que os nossos produtos, com todas as qualidades que apresentam, têm menor remuneração? Por que episódios isolados, como os últimos surtos de aftosa, ainda ameaçam décadas de trabalho e evolução? Penso que chegou um momento em que todas as condições convergem para que possamos rever esta situação. Para que possamos superar as posturas e os discursos anacrônicos. Para que possamos enfocar a agropecuária como uma questão estratégica para o desenvolvimento econômico e social do País. Temos um Presidente da República que vê, como poucos da nossa história, a importância da agropecuária. Temos entidades representativas fortes e atuantes. Temos institutos de pesquisa, universidades gerando conhecimento e a nossa EMBRAPA realizando um trabalho da mais alta competência e efetividade para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária tropical. Estamos construindo um diálogo mais maduro nas instâncias parlamentares e na própria sociedade acerca de nossas questões mais complexas. Estamos implementando programas inovadores e vitoriosos como o Pró-Genética, que hoje está sendo lançado em âmbito nacional, depois de obter sucesso absoluto em Minas Gerais, graças à iniciativa e ao apoio do Governador Aécio Neves ? que de pronto abraçou a nossa proposta. O PróGenética propicia ao pequeno produtor o financiamento de um ou mais touros PO, para a substituição do seu animal sem raça por um zebuíno de qualidade. Agora podemos dizer com orgulho que a ABCZ é também a casa do pequeno, do médio e do grande produtor. Após alcançar sucesso absoluto em Minas Gerais, com a parceria entre a ABCZ, o Banco do Brasil e o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Agricultura, a EMATER, o IMA e a EPAMIG, o Pró-Genética será estendido a todo o Brasil, com a participação na parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário, da Associação Brasileira das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Queremos aqui destacar a participação da EMATER identificando e orientando o pequeno produtor, num trabalho exemplar. Este é um exemplo dos saltos de qualidade que podemos dar quando trabalhamos com articulação estratégica em torno de objetivos comuns. Pois a conquista da valorização dos nossos produtos não começa lá fora, no embate com nossos concorrentes internacionais. Ela começa aqui, nas nossas casas, com a superação de nossas posturas equivocadas, nossos vícios, nossas falhas injustificáveis. Neste sentido, peço licença a Vossa Excelência, Presidente Lula, para relatar o que ouvimos em nosso recente encontro, quando o convidamos para vir à EXPOZEBU. Na ocasião, o então Ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, recém-chegado de uma viagem ao Exterior, se encontrava impressionadíssimo com o interesse dos países que visitou pela carne bovina brasileira, inclusive com o grande interesse manifestado pela Itália em importar gado vivo. Quando o Ministro lamentou o fato de a aftosa impedir esse comércio, ouvimos de Vossa Excelência, Presidente Lula, a frase que todo pecuarista sempre desejou ouvir de todos os governantes: ?Precisamos fazer uma operação de guerra para acabar com a aftosa?. Por isto, Presidente, hoje, quando temos o orgulho e a alegria de recebê-lo novamente em nossa casa, só temos dois pedidos a fazer. O primeiro é que Vossa Excelência não permita que em nenhuma instância governamental essa determinação perfeita para a importância da erradicação da aftosa deixe de ser cumprida. O segundo é uma atenção especial de Vossa Excelência para a questão das invasões de terras. Precisamos ter tranqüilidade para trabalhar sem o risco de termos nossas propriedades invadidas e destruídas. A ABCZ, que é delegada do Ministério da Agricultura, é uma parceira do Governo e sempre se preocupou em apresentar sugestões e propostas para a Reforma Agrária, e não em simplesmente criticar a sua condução. Logo no início de nossa gestão na ABCZ chegamos a apresentar ao Governo um Projeto de Reforma Agrária muito bem concebido por um colaborador, o Doutor Paulo César de Figueiredo, Juiz de Direito em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, a quem estaremos outorgando hoje o título de Associado Honorário, em moção de agradecimento por permitir que adotássemos esse trabalho. Entendemos que esta e outras propostas podem contribuir para o aperfeiçoamento da Reforma Agrária e merecem ser objetos de estudos aprofundados das instâncias competentes. Neste ponto, externamos nosso reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo ex-Ministro Luiz Carlos Guedes Pinto em sua gestão no Ministério da Agricultura, onde demonstrou muito conhecimento a respeito do nosso setor, competência e bom senso, e reafirmamos nossa plena confiança no novo Ministro Reinhold Stephanes. Estamos certos de que Vossa Excelência realizará um trabalho vitorioso à frente do MAPA. E colocamos a ABCZ à sua disposição, Ministro. Enfatizamos também nesta oportunidade a importância do papel desempenhado pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados como legítima instância de discussão política e técnica e de mediação das questões afetas à agropecuária. Manifestamos nossa satisfação em ver na sua Presidência o Deputado Federal Marcos Montes, um homem público com a honradez, os conhecimentos, a sensatez e a capacidade de articulação necessários para conduzir seus trabalhos com brilhantismo e efetividade. O atual estágio de complexidade das questões ligadas à agropecuária exige a interlocução permanente e produtiva entre o Poder Legislativo, o Executivo, as entidades representativas e os demais atores sociais, e nos tranqüiliza que homens públicos altamente qualificados como o Deputado Federal Marcos Montes e os seus Pares na Comissão de Agricultura estejam na mediação desse processo. Estamos autorizados pela Comissão de Agricultura a dizer que estão dispostos a colaborar com o seu governo, Presidente Lula, porque sentimos a sua disposição de encaminhar o nosso país para sua verdadeira e imbatível vocação de produzir alimentos e energia para o mundo. Finalizando, agradeço, em nome da ABCZ, a todas as autoridades e aos convidados que estão conosco na abertura da EXPOZEBU 2007. Ao Presidente Lula, um líder sensível a todas as causas nacionais e grande portador das esperanças do Povo brasileiro. Peço a Deus que o abençoe também neste seu novo mandato, Presidente. Aos Senhores Embaixadores e representantes diplomáticos. Ao Governador Aécio Neves, um grande companheiro da ABCZ e comandante de um Governo exemplar na história de Minas Gerais. Agradeço particularmente e de público a Vossa Excelência, Governador, pela Medalha de Honra da Inconfidência que me foi conferida no último dia 21 de abril, e que ostento no peito, com muito orgulho. Deus lhe pague. E faço votos de que Vossa Excelência continue cumprindo com brilho e êxito todas as etapas do seu destino glorioso, Governador Aécio. Agradeço ao Governador do Estado de Goiás Alcides Rodrigues Filho, e ao Governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho, que também nos prestigiam com suas ilustres presenças. Ao Ministro Reinhold Stephanes e ao Secretário de Estado da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana. Aos nossos Ministros mineiros Hélio Costa, das Comunicações, e Walfrido dos Mares Guia, das Relações Institucionais. Ao Prefeito de Uberaba, Anderson Adauto, grande parceiro da ABCZ, e aos prefeitos de outros municípios também presentes, em particular à prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet, que, com certeza, se destacará na política a exemplo de seu pai, o saudoso e particular amigo senador Rames Tebet. Aos Senhores Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores. Aos Senhores Membros do Governo Federal, dos Governos Estaduais e do Poder Judiciário. Aos nossos patrocinadores e apoiadores: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Governo de Minas, Tortuga, Banco do Brasil, Prefeitura Municipal de Uberaba, EMBRAPA, APEX BRASIL, CEMIG, CNA, FAZU, IMA, órgãos de segurança, Aos companheiros criadores que viabilizaram com suas doações as novas instalações do Parque Fernando Costa. Aos companheiros de Diretoria, associados, funcionários e colaboradores, expositores, leiloeiros, tratadores e às empresas presentes nos estandes e aos seus funcionários. Às entidades classistas do nosso setor aqui presentes, que tão bem nos representam. Agradeço aos profissionais de Imprensa que cobrem a EXPOZEBU. Agradeço à gente ordeira e hospitaleira de Uberaba e da Região. Agradeço em nome da ABCZ e dos criadores de zebu ao arquiteto Carlos Pontual por esta obra maravilhosa que enobrece o nosso parque e a nossa cidade. Peço licença agora, Senhor Presidente, Senhor Governador, Senhoras e Senhores, para registrar que este é meu último pronunciamento na abertura da EXPOZEBU, uma vez que meu mandato na Presidência da ABCZ se encerra dentro de três meses. E não posso deixar de agradecer aos companheiros de Diretoria, aos superintendentes, colaboradores e parceiros pelo apoio incondicional que recebi em minha gestão. Agradeço a Deus e aos meus pais por terem me encaminhado para o mundo da criação do zebu, que só me dá prazer e alegria, e onde fiz e continuo fazendo grandes amizades. Disse em meu discurso de posse, três anos atrás, que considerava minha eleição para a Presidência da ABCZ uma homenagem aos velhos zebuzeiros, aos mais tradicionais. Não sei se estive à altura de tão significativa homenagem, mas posso afirmar que aprendi muito nessa jornada. E não só na convivência mais próxima com os velhos companheiros da organização, mas também com os novos companheiros das novas gerações. Se algum mérito eu tive, foi o de acertar na escolha dos meus companheiros de diretoria. Jamais poderei retribuir o que recebi em entusiasmo, espírito de juventude, idéias inovadoras. E sei agora que este é o grande segredo do sucesso da ABCZ, da EXPOZEBU, da pecuária zebuína. O mesmo coração vibrante, inventivo, sonhador que embalava as aventuras dos nossos pioneiros que foram às Índias continua vivo nas novas gerações debruçadas sobre os computadores, os estudos genéticos, os números do mercado externo. Um mesmo coração ainda apaixonado pela criação do Zebu. Toda a história do zebu, desde as primeiras importações, está registrada em nosso museu do zebu. Agora, precisamos ampliá-lo, modernizá-lo e torná-lo um centro de informação e de referência para a bovinocultura mundial. E, para que isto aconteça, vamos precisar do apoio do nosso governador e do nosso Presidente. Quero encerrar essas minhas palavras lançando um desafio para o setor: que se una em fórum adequado para fazer política com ?P? maiúsculo, buscando a adesão de todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina, a exemplo do sucesso obtido pelo setor sucroalcooleiro, com o CONSECANA. Lançamos aqui, hoje, o desafio do CONSECARNE para o nosso setor. E asseguro que temos companheiros competentes para conduzir esse processo. Que Deus abençoe a EXPOZEBU 2007. Obrigado a todos pela atenção.

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